15 de set. de 2011

Endometriose: principal causa da infertilidade feminina


Antes de você achar que pode ter Endometriose, calma e leia atentamente esse artigo. Muitos sintomas são de outros problemas femininos, então, para um diagnóstico mais preciso, é necessário exames mais aprofundados. Fato pouco compreendido, a intensidade dos sintomas nem sempre se relaciona com a severidade da Endometriose. Mulheres com grandes focos diagnosticados podem apresentar sintomas leves, enquanto em outras mulheres, com focos mínimos, a dor pode ser insuportável. Para começar
Estive presente em um Workshop sobre Endometriose no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, com dois médicos especialistas no assunto: o Dr. Maurício Simões Abrão, Responsável pelo Setor de Endometriose da Clínica de Ginecologia do Hospital das Clinicas de São Paulo e o Dr. João Antônio Dias Jr, especialista em Reprodução Humana e Endometriose. Juntos, deram um panorama da situação da mulher moderna e essa enfermidade, que como outros problemas (como mioma), não têm explicação contundente.
Endometriose é uma doença que acomete as mulheres em idade reprodutiva e que consiste na presença de endométrio em locais fora do útero.
Uma das possíveis causas da Endometriose se deve a menstruação da mulher, nas últimas décadas, ter aumentado bastante. Há 100 anos atrás, o comum entre as mulheres eram ter muitos filhos, amamentarem esses filhos até 2, 3 anos de idade, o que fazia com que essa mulher menstruasse, durante a sua vida, cerca de 40, 50 vezes. É só fazer um cálculo básico para chegar até esse número: gravidez + amamentação= cerca de 3 anos sem a mulher menstruar. Se a gente por no papel que a mulher de décadas atrás, menstruava mais tarde e a menopausa se dava mais cedo, temos ai, apenas alguns anos de menstruação intercalada dessa mulher.
A mulher de hoje, ao contrário, pensa em ter um, dois filhos. Menstrua aos 11, 12 anos, a vida sexual começa muito mais cedo, mesmo sem filhos, ela tem todo um ciclo hormonal mais intenso, o que gera mais hormônios, mais estresse emocional e físico. O estresse influencia negativamente o sistema imunológico, o que colabora, inclusive, para outros distúrbios, como o problema dos ovários poliscísticos.
O maior sintoma da Endometriose é a dor pélvica aguda. Não é uma simples cólica, que passa ao tomar antiinflamatórios ou analgésicos, é uma dor como uma cólica de gases constante: você sente espinhos perfurando seu abdômen. E dura dias, antes e depois que a mulher menstrua. Pode ter prisão de ventre severa e dor na micção (fazer xixi). Dor na relação sexual, quando encosta na entrada do útero. Normalmente, a menstruação adianta, não atrasa. Pode ser uma dor intensa no dia da ovulação, caso o endométrio já esteja implantado no ovário. Pode provocar em cerca de 15% das mulheres com Endometriose, esterilidade.
Cura? Não existe. Existe tratamento. Clínico ou cirúrgico,dependerá do grau de infestação e dos problemas que a Endometriose causa a paciente.O tratamento cirúrgico, é indicado quando o endométrio já se espalhou pelo abdômen, gera dor intensa e incapacitante e a impede de ter filhos; consiste na retirada dos focos pela Laparoscopia. Em casos graves, também é indicado a ingestão de hormônio para impedir a ovulação e assim, que o endométrio se desenvolva.
Agora, como acontece a Endometriose?
Olha só que interessante. O Endométrio é uma mucosa que reveste toda o interior do útero e recebe a influência dos hormônios estrogênio e progesterona. Essa mucosa, quando a mulher não engravida (não existe óvulo fecundado), se solta, formando a menstruação. Só que essa mucosa libera junto células de endométrio, que podem formar novas mucosas em outras partes do corpo e quando estimuladas novamente pelos hormônios, incham, como acontece com o útero antes da menstruação.
Cerca de 90% das mulheres tem MENSTRUAÇÃO RETRÓGRADA, ou seja, é como um refluxo da menstruação. Ao invés dela só descer pela vagina, ela pode subir e entrar pelas trompas de Falópio, chegar aos ovários e escapar pelas franjas das trompas,chegando ao abdômen. Na maioria das mulheres, o organismo absorve essas células do endométrio ou elas simplesmente não se desenvolvem fora do útero. Porém, em algumas mulheres, cujas causas ainda não se descobriu (genética, hormonal, etc), essas células se implantam em tecidos de outros órgãos(intestinos, bexiga, parte exterior do útero, ovários, trompas, paredes do abdômen, etc.) e não conseguem se desgrudar de novo, quando ocorre uma nova menstruação.
É como se as células do endométrio fossem uma praga!
Gravidez ectópica, fora do útero
Já ouviu falar em gravidez ectópica ou tubária, quando a mulher tem uma gestação dentro das trompas ou até mesmo fora do útero, dentro do abdômen? Isso acontece porque onde o endométrio se forma, ele recebe estímulo dos hormônios e sangue e pode inclusive formar uma placenta em outro lugar que não seja o útero. Às vezes ficamos sabendo de mulheres com uma gravidez perto dos ovários: o óvulo saiu, encontrou o endométrio por ali mesmo nas trompas e pensou “opa, é aqui que eu tenho que me desenvolver”! O corpo feminino é mágico, mas ao mesmo tempo, cheio de artimanhas.
Resumindo, o endométrio sobe pelas trompas, sai pelas franjas das trompas, e por onde ele passa, vai criando novas mucosas. Depois que ele cresce e gruda, não tem como tirar ou exterminá-lo a não ser com cirurgia, como se fosse podando uma trepadeira. A dor vem pela constrição de vasos sanguíneos nos órgãos: é como se fosse um “choque”, se esticar demais um órgão que não é para ser esticado, você sente muita dor. Por exemplo, quando estamos com gases, expandimos o intestino e sentimos muita dor: o mesmo com estômago, bexiga e outros órgãos quando dilatados.
Aprendi o seguinte: mais uma vez, a mulher é um bicho complicado. Veja quantas coisas mexem com o emocional e o físico desse ser que parece simples, mas que com a ação de tantos hormônios se torna complicado. Nunca duvide da dor de uma mulher: ninguém agüenta dor, por mais durona que mulher pareça, mexe com o emocional e com todo o seu corpo. Se você sente dor aguda, mesmo fora do período menstrual e TPM, procure um médico e exija exames específicos.


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