21 de abr. de 2011

Endometriose tabus


As teorias mais modernas parecem mostrar que existem três tipos de endometriose que podem até ser três doenças diferentes:
Endometriose Ovariana: caracterizada por cistos ovarianos que contêm sangue ou conteúdo de cor achocolatada.
Endometriose Peritoneal: onde os focos existem apenas no peritônio ou na parede pélvica.
Endometriose Profunda: que pela sua importância merece um capítulo à parte.  O que é?
Devido à proximidade entre o útero e o intestino, a endometriose pode invadir áreas adjacentes ao útero.
A principal característica dessa doença é a dor. Seu tratamento é difícil e, hoje, no Brasil, apenas poucos centros têm condição de fazer a cirurgia desse tipo de endometriose.

Tipos de endometriose profunda:
Endometriose reto sigmoide
Endometriose retro cervical
Endometriose septo-reto-vaginal
Endometriose – ligamentos útero-sacros
Endometriose intestinal
Os principais sintomas da endometriose são dor e infertilidade.
Aproximadamente 20% das mulheres têm apenas dor, 60% têm dor e infertilidade e 20% apenas infertilidade.
A dor da endometriose pode se manifestar como uma cólica menstrual intensa, ou dor pélvica/abdominal à relação sexual, ou dor “no intestino” na época das menstruações, ou, ainda, uma mistura desses sintomas.

diagnóstico de suspeita da endometriose é feito por meio da história clínica, exame físico, ultrassom (ultrassonografia) endovaginal especializadoexame ginecológico, dosagem de marcadores e outros exames de laboratório.
Atenção especial deve ser dada ao exame de toque, fundamental no diagnóstico da endometriose profunda.
Pesquisas do Laboratório Fleury em São Paulo e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mostram que o ultrassom endovaginal é o primeiro método para diagnosticar a endometriose¹.
No entanto, esse não é um ultrassom endovaginal normal. Trata-se de um exame especializado que apenas profissionais especilizados estão aptos a realizar. O ultrassom endovaginal normal não é a mesma coisa e não substitui esse exame.
Essa pesquisa mostra ainda que, além do ultrassom endovaginal, pode-se realizar a Ressonância Magnética da Pélvis para o diagnóstico da endometriose profunda.
Outros serviços médicos, no Brasil, consideram que a ressonância nuclear magnética e também a ecocolonoscopia são úteis para o diagnóstico da endometriose.
Todos os especialistas concordam que o exame ginecológico é a melhor maneira para se fazer o diagnóstico de suspeita da endometriose, e que os exames de imagem devem ser feitos de acordo com o que existe de melhor no local.
A certeza, porém, só pode ser dada por meio do exame anatomopatológico da lesão, ou biópsia. Esta pode ser feita por meio de cirurgia aberta, ou laparotomia, ou, preferível, por laparoscopia. Laparoscopia é um procedimento de exame e manipulação da cavidade pélvico-abdominal por instrumentos de ótica e/ou vídeo, bem como de instrumentos cirúrgicos delicados que são introduzidos através de pequenos orifícios no abdome. É um procedimento cirúrgico realizado geralmente com anestesia geral. No entanto, hoje, com evidências clínicas suficientes, os médicos podem iniciar o tratamento mesmo sem a laparoscopia.

tratamento da endometriose, hoje, depende de uma abordagem sincera entre a paciente e o médico. Após a avaliação cuidadosa de cada caso, o médico e a paciente vão resolver juntos o melhor caminho a ser seguido.
Especial atenção deve ser dada à paciente que pretende engravidar. Talvez seja necessário seu encaminhamento para um Centro de Reprodução Humana mesmo antes do tratamento da endometriose ser iniciado.
Outra principal atenção é a endometriose profunda. Sabe-se que cirurgias muito bem planejadas reduzem significativamente a dor nesses casos, mas essas cirurgias só são feitas em centros especializados.
Atualmente não há cura para a endometriose. No entanto, a dor e os sintomas dessa doença podem ser diminuídos e controlados.
As principais metas do tratamento são:
  • Aliviar ou reduzir a dor (e outros sintomas).
  • Diminuir o tamanho dos implantes.
  • Reverter ou limitar a progressão da doença.
  • Preservar ou restaurar a fertilidade.
  • Evitar ou adiar a recorrência da doença.
O tratamento cirúrgico pode ser feito com laparotomia ou laparoscopia. Os implantes de endometriose são destruídos por coagulação à laser, vaporização de alta frequência ou bisturi elétrico. A decisão cirúrgica é importante. A maior parte dos sucessos terapêuticos decorrem de uma primeira cirurgia bem planejada. Cirurgias repetidas são desaconselhadas, pois aumenta a chance de aderências peritoneais, tão prejudiciais como a própria doença.
O tratamento clínico de formas brandas em mulheres que não pretendem engravidar pode ser feito comanticoncepcionais orais, injetáveis, implantes subdérmicos ou intrauterinos. Há um certo consenso entre os estudiosos que o pior a fazer é não fazer nada, já que a doença pode ser evolutiva. 
Em mulheres que pretendem engravidar, o tratamento pode ser feito com cirurgia e tratamento hormonal, ou tratamento hormonal e depois cirurgia. No entanto, estudos atuais mostram que em mulheres com endometriose e que não conseguem engravidar, a melhor alternativa é a fertilização in vitro, e que a presença de endometriose não afeta as taxas de gravidez quando esse método é escolhido².
Varias drogas têm sido usadas, mas poucas com resultados definitivos.
Trabalhos da Unicamp mostram uma melhora dos sintomas com o dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel.³
O mais importante no tratamento da endometriose é o planejamento das ações terapêuticas em comum acordo com o planejamento da gravidez pelo casal.
Em abril de 2005 foi editado o ESHRE guideline for the diagnosis and treatment of endometriosis pela European Society of Human Reproduction and Embryology. O resumo desse artigo pode ser obtido em ESHRE guideline for the diagnosis and treatment of endometriosis.
Em casos muito severos, a gravidez só será possível por meio de técnicas de fertilização assistida e inseminação artificial.
Os contraceptivos orais são alguns dos produtos mais estudados e prescritos. Os benefícios à saúde são numerosos e superam os riscos.
Existem evidências definitivas de proteção contra câncer de ovário e de endométrio, doença benigna da mama, doença inflamatória pélvica (DIP), gravidez ectópica e anemia por deficiência de ferro.
Também tem sido sugerido que contraceptivos orais podem oferecer benefício na densidade mineral óssea, miomasuterinos e câncer colorretal. Existem evidências que apoiam a proteção contra o desenvolvimento de cistos ovarianos funcionais e artrite reumatoide. Tratamento de alterações clínicas com contraceptivos orais é uma prática clínica que não consta na bula. Dismenorreia, sangramento irregular ou excessivo, acne, hirsutismo (aumento de pelos em locais não comumente femininos) e endometriose associada à dor são alvos comuns da terapia com contraceptivos orais.
A maioria das pacientes não está consciente desses benefícios à saúde, bem como dos usos terapêuticos dos contraceptivos orais, sendo que elas têm uma tendência a superestimar os riscos. Orientação e educação são necessárias para ajudar as mulheres a ficarem bem informadas a respeito de decisões de cuidados com a saúde e aderência ao tratamento.



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